Jongo de São Luiz do Paraitinga – SP

É antiga a história do Jongo em São Luiz do Paraitinga. Muitos jongueiros da cidade
foram ex-escravos ou descendentes, vindos das fazendas que se multiplicaram em sua
zona rural durante o Ciclo do Café. O Bairro do Raizeiro foi formado, em parte, por esses
ex-escravos, vindo de lá nomes de importantes jongueiros do passado, como Dona
Benedita do raizeiro e Pai João. As rodas de Jongo sempre marcaram a festividade de São
Luiz do Paraitinga, em especial a Festa do Divino. É costume o dono da casa que recebe
a bandeira encomendar um festejo em comemoração, antigamente podendo ser uma
Congada, um Moçambique, a Dança do Carangueijo ou o Jongo.
Afora a Festa do Divino, o Jongo era dançado em São Luiz em várias ocasiões ao longo
do ano, nem sempre em datas programadas, mas sim quando, por algum motivo, seus
participantes resolviam fazê-lo. O lugar era a Casa da Lavoura. Daí então, era importante
a presença de Seu Alcino Toledo, reconhecido organizador das rodas. Outros jongueiros
importantes do passado foram Dito Geraldo, que também era mestre de Folia do Divino,
Dança do Sabão, Dança do carangueijo, Reza e Cantoria de Mutirão, Tico Almeida,
também mestre de Moçambique e Congada, Seu Argeu e a destacada figura de Pedro
Fragoso, pai do também mestre jongueiro Joviano Fragoso, falecido recentemente, aos 92
anos de idade. Nome também importante é o de Mestre Rio Branco, filho de Tia Luiza,
ex-escrava, e construtor da Igreja do Rosário da cidade. Também as mulheres foram
importantes jongueiras em São Luiz, destacando-se as figuras de Maria Moringa, Nhá
Palmeira, a ex-escrava Tia Tereza e Venturosa, sua filha que, vindas das fazendas, foram
morar no bairro do Alto Cruzeiro, de onde desciam para participar das rodas de Jongo.
Mais recentemente, o florescimento de indústrias em outras cidades da região do Vale do
Paraíba provocou a saída de um grande contingente de trabalhadores de São Luiz de
Paraitinga, atingindo sensivelmente bairros como o do Raizeiro. Mestres de Jongo,
Moçambique e Congada de São Luiz espalharam-se por cidades como Pindamonhangaba,
Taubaté e até mesmo Cotia e Mogi das Cruzes, como é o caso dos irmãos Benedito e
Alcides Pereira de Castro, de família de jongueiros, que remontaram seus grupos nestes
municípios e retornam a São Luiz sempre na Festa do Divino, tendo muitas vezes Seu
Alcides promovido roda de Jongo em 13 de Maio, na cidade.
Hoje, são raras as rodas de Jongo em São Luiz do Paraitinga, havendo ainda, entretanto,
vários conhecedores de Jongo, como são os casos de Luís Mariano, Zé Gordo e os irmãos

Alfredinho Rocha e Vicentinho Rocha, além de Seu Pedro, do bairro Alvarenga. (Henry
Durante)


Intérprete (s): Benedito Alves, José Maria Veloso (Gordo), João Benedito da Silva e Joviano Ramos de
Oliveira.
. . .
solo:
Eu num vim aqui pa mai nada
Eu vim pra senti saudade
Eu num vim aqui pra mai nada
coro:
Eu vim pra senti saudade
solo (variações):
Do toco de jongo
Epa jongo na toada
No toco de jongueiro
Em São Lui’ do Paraitinga
Na saudade conversô com meus amigo
O reino é do Divino
Pois a ingoma ‘tá chorano
Vamo trabaiá sossegado
Então, viva a Catuçaba
. . .
Benedito Alves(B):
solo:
Oi, que eu nasci na roça
E pa essa festa do Divino
Eu ‘tô com essa idade
Mai como eu acho bonito
Boa noite da cidade
coro:
Boa noite da cidade (Joviano: Ô, é pra senti saudade)
solo (variações):
E na festa do Divino
Ooi, viva galo véio
E viva tudos galo
E eu já moro e na roça
E viva nossa festa!
solo:
Enquanto abóbra ‘madurece
Vamo comeno cambuquira
coro:
Vamo comeno cambuquira
solo (variações):
Ai, no toco de jongueiro
Ai, na linha de jongueiro
Ai jongo ‘tá chorano
Ooi, linha de jongo ‘tá chorano
Jonguero pode chegá
. . .
82
82
José Maria Veloso, Gordo(G)
solo:
Senhor jongueiro
Esse jongo num é nada (bis)
A Joana ‘tá ri... dançano
Iaiá Maria dá risada
coro:
O la la la la...
. . .
solo:
Oh! Sim senhora e sim senhor
Quero cachaça em todo mundo
coro:
Sim senhora e sim senhor
solo (variações):
O riba jongo
[Quizé] [que sai] no toco de jongueiro
Foi papai quem mim ensinô
. . .
solo:
Chô... chó... chorô
O povo chorô
O Divino Espírito Santo
Do município ele já vortô
coro:
O le la le...
. . .
solo:
Oi, coitado de jongueiro
Num tem esteira pa dormi
Vê que coitado de jongueiro
coro:
Não tem esteira pa dormi
solo (variações):
Então, riba jongo na toada
. . .
solo:
Oi, que sagüi sobe no pau
Mai num precisa usá cipó
Que sagüi sobe no pau
coro:
Num precisa usa cipó
. . .
solo:
Quando eu chegô no mato
Eu quero cipó cambira
Quando eu chego no mato
coro:
Eu quero cipó cambira
solo (variações):
Pa fazê a minha casa
Eu já tiro cipó cambira
Porque num quero outro cipó
Na linha de jongo
Então riba jongo na toada
Mas o home tira mai num tira
Ai, meu Deus do céu
Por uma noite num é nada
Pa conversá ca namorada
No toco di jongueiro
Oi, pois a linha do jongo memo
Oi, viva o Gordo na ingoma
83
83
. . .
solo:
Oi, que meu pai era dotore
Eu nasci um fio caipira (bis)
‘Tô ficano véio, vô morrê
Mai meu coro ninguém tira
coro:
O meu coro ninguém tira
solo (variações):
Vô morrê ficano véio
. . .
solo:
Eu vim de longe foi pa não apanhá aqui
Eu vim de longe não quero apanhá aqui
No meu coro ninguém bate
Porque não é tamburi
coro:
O le le le...
. . .
Solo:
Ah! no terrero do [louvado] [Lobato] pa vós suncê (bis)
solo:
Eu sô cavalo manco magro
Não me tira o coro pa vendê
coro:
O le le le...
. . .
Solista:
Oooi, meu Deus
Oi, viva o povo da mata
Saravá mato por mato
Saravá grota por grota
Pedreira por pedreira
Cachuera por pedreira
Saravá caminho que trouxe nói, caminho que leva nói
Saravá ingoma de meu irmão mais uma vez
Oooi, ai, saravá terra que come nós
Oi, saravá galo da África, saravá galo africano
Saravá galo d'angola, saravá galo angolano
Oi, saravá galo do quatro canto do mundo
E, saravá galo de São Luí, de toda cidade vizinha...
. . .
solo:
Eu sai tombá tombano
Cheguei aqui caí caino
Mas, eu quero i po céu
Mas, eu num sei do caminho
coro:
Ora lai la lai...
. . .
solo:
Oi, vamo dá um viva pos barbeiro
Que deixa a gente bonito
Vamo dá um viva pos barbeiro
coro:
Ele deixá gente bonito
. . .
solo:
Senhor jongueiro
Vamo fazê o jongo bonito (bis)
E o jongo é da sinhá
Mai quem fei é São Benedito
coro:
O le le le...
84
84
. . .
solo:
Oi, jongueiro num tem esteira pa dormi
Jongueiro dorme no coro
Num tem esteira pa dormi
coro:
Jongueiro dormi no coro
solo (variações):
Epa jongo na toada
Pois uma noite não é nada
Pa conversá co’a namorada
. . .
solo:
Oi, que eu pui fogo no mato
E no mato deu um estouro
Oi, que eu pui fogo no mato
‘Inda que o galo... galo cantá na madrugada
Sua cantiga vale ouro
coro:
Sua cantiga vale ouro
solo (variações):
O galo vale ouro
Eu falo co [João Mineiro]
. . .
solo:
Ooo, minha casinha de sapé
A minha casinha de sapé
Mas o... mas a sala é feito de tijolo
A casinha de sapé
coro:
A sala é feita de tijolo
. . .
solo:
A canoa ‘tá no porto
Quaqué um pode embarcá
Vê que a canoa ‘tá no porto
coro:
Quarqué um pode embarcá
solo (variações):
Eu vô pra lá, ele vem pra cá
Meu Deu nói vamo embora sossegado
. . .
solo:
Oi, tudo os jongueiro
No jongo só come pé
E a [vez] que aqui tudo jongueiro
coro:
No jongo só come pé
solo (variações):
Oooi, no reino é do Divino
. . .
solo:
A mamãe ‘ruma a mesa
E o pai chama pa jantá
coro:
E o pai chama pa jantá
solo (variações):
Eu falo co pai da ingoma
. . .
85
85
solo:
Comé bonito trêi machado trabaiá (bis)
Um corta e outro lavra
Mai’ outro chega no lugá
coro:
Lai á lai á...
. . .
solo:
Trabaiei tanto
Vô largá de trabaiá (bis)
Eu já pedi torremo
E o festeiro num me dá
coro:
A le la le...
. . .
solo:
Ooooi, eu quero sabê
Quando é que nói vai chegá
Pois é, só quero sabê
coro:
Quando é que nói vai chegá
solo (variações):
O carro ‘tá viajano
Pois o carro ‘tá na linha
O jongo ‘tá chorano
. . .
solo:
Não sô daqui
Vô passá o lado de lá (bis)
O pau ‘tá no estaleiro
Quem quizé pode pegá
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Nói ‘tamo conversano um quê de serviço (bis)
Eu num tenho nada com ninguém
Veja eu tenho é co Divino
coro:
Eu tenho é co Divino
solo (variações):
Ô, no toco de jongueiro
. . .
solo:
Senhor festeiro saia fora e venha vê (bis)
Quando aqui no terreiro
Mande para nói o que bebê
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Oi, como é bonito
Um bom carreiro carreá (bis)
O carro ‘tá pesado
O carro não sai (não pode saí) do lugá
coro:
O le la le...
. . .
Solo:
Oooi, meu boi Didi
Não precisa de candeeiro, meu boi de corso
Ele já conhece o seu carri...
coro:
O le le le...
. . .
86
86
solo:
A vaca me criô
Mai, me deu leite para mim (bis)
Mai ela já morreu
Deixô o couro por aqui
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu quero sabê quando... eu quero sabê quando o boi é vaca
E também quando a vaca é boi
Quero sabê quando o boi é vaca
coro:
Quero sabê quando o boi é vaca
solo (variações):
O jongô ‘tá perguntano
Riba jongo rapazeada
. . .
solo:
De tanto carreá
Eu já ‘tô ficano mar (bis)
Veja lá meu boi de [coice] [cocho][corso]
Não deixá o carro e po barranco
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Senhor jongueiro, eu pregunto como ‘tá (bis)
O patrão num qué co brinque
Co carneiro da sinhá
coro:
O le le le...
. . .
solo (variações):
A fogueira ‘tá acesa
Quero vê quem vai ‘pagá
. . .
solo:
O meu gato sai de casa
Ele sai pa passeá (bis)
Ele avisa a povaria
E o jongo como ‘tá
coro:
La le la le...
. . .
solo:
Oi, tem tanto rato em casa
Me empresta esse gato
Porque tem tanto rato em casa
coro:
Me empresta esse gato
solo (variações):
Oi, no toco de jongueiro
. . .
solo:
O gato saiu de casa
Ele saiu pa passeá
Ele não vortô mais
Foi pa pegá o rato
coro:
O le le le...
. . .
87
87
solo:
Oooi, veja que todo jongueiro
Tem apelido de macaco
Veja que todo jongueiro
coro:
Tem apelido de macaco
solo (variações):
Epa jongo na toada
O Divino é nosso memo
Veja aqui todo jongueiro brabo, Gordo
. . .
solo:
Meu Deu do céu
Por que que o jongo ‘tá fraco
Tem muito raso... muito rato em casa
Num posso ‘cabá co gato
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu coii a minha roça
Joguei mio no terreiro (bis)
Quêdê o galô daqui
Já ‘tão dormino no puleiro
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Na rua de ‘Vardo Crui
Oi, nasceu o pé de frô
Nasceu um cravo de bem cedo
De tarde ele secô
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Oi, essa angoma
Ieu num sei quem cavocô (bis)
Deixaro no terreiro
Vô prantá meu pé de frô
coro:
O le le le…
. . .
solo:
Enquanto abóbra ‘madurece
Vamo comeno cambuquira
coro:
Vamo comeno a cambuquira
solo (variações):
Isso é toco de jonogueiro
Pois o reino é do Divino
Em São Luí do Paraitinga
. . .
solo:
Oi... oi meu amigo
Oi, que fim que ele levô (bis)
Ele ‘tava no bico da canoa
Brincano com seu amô
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Siriema do Matu Grosso
Canta na beira do rio (bis)
Uma canta de papo cheio
A outra de papo vazio
coro:
A le le le...
88
88
. . .
solo:
Esse mundo ié bonito
Esse mundo é u’a gostosura
Enquanto ela ‘tá co papo vazio
Nói vamo comeno verdura
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Santo Antonho lá de casa
Faz taiada pa vendê
Se você num acredita
Vai lá em casa, suncê vê
coro:
O le a le...
. . .
solo:
Se eu soubesse que aqui tinha
A farta de cantadô
Eu trazia lá de casa
Meu canarinho dobradô
coro:
O le le le...
. . .
solo:
O jongo é pra cantá
Não é pra fazê chorá
Vê que o jongo é pra cantá
coro:
Num é pra fazê chorá
. . .
solo:
Oi, que eu pui fogo no mato
E o fogo num qué queimá
Oi, no mato de São Pedro
E o saci num pode entrá
coro:
O saci não pode entrá
O le le le...[2 coros]
. . .
solo:
Oooi, meu pilô
Nói vam’ tudo medi terra, o meu piloto
Oi, vamo tudo medi terra
Mai veja o meu pilô
Vamo tudo medi terra
Oi, veja o meu pilô
coro:
Oi, veja o meu piloto
. . .
solo:
Chorei
Chorei
Eu muito tenho que chorá
Larga a mão de mim, minha gente
Nem qu’eu morra, num fai mar
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu tenho dois boi turuna
Tenh’ uma pinta de araçá
Num tem oreia e num tem chifre
Pega o laço onde pegá
coro:
Pega o laço onde pegá
O le le le...
89
89
. . .
solo:
Meu boi turuna chegô no tronco deu um berro (bis)
‘Rebentô cerca de arame
E quebrô portão de ferro
coro:
O le le le...
solo:
O governo ‘tá sorteano
No serviço militá
‘Tá precisano de home
No (não ?) combate no lugá
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Água c’a areia precisa combiná
A água vai embora
Areia fica no lugá
coro:
O le le le...
. . .
solo:
O seu café ‘tá forte
Mai eu num posso bebê
Mai eu quero cantá jongo
‘Té o dia ‘manhecê
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Oi, veja que São Luizi
É vizinho do pico agudo
O pai tem o reio em casa
Que serve pos fio tudo
coro:
Que servi pos fio tudo
. . .
solo:
Serenô qué me moiá
Chuva grossa não me moiá
coro:
O sereno qué me moiá
solo (variação):
Riba jongo na toada
. . .
solo:
Oi, num se tome
Num deixe de se tomá
Oi, você é de São Luiz
E ieu sô desse lugá
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Meu jongueiro cumba
Meu jongueiro cumbambá (bis)
Quem num tem carro de boi
Num prantá canaviá
coro:
O le le le...
. . .
90
90
solo:
Jongueiro cumba
Jongueiro de Curumbá (bis)
Jongueiro naceu em Cunha
E os anjo que foi buscá
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Carreiro bom
Que num sabe carreá
Depoi que seu carro tomba
A boiada passa má
coro:
Lai a lai a la...
. . .
solo:
Vamo trabiá o sereno
A trevoada mata a gente
Vamo trabaiá co sereno
coro:
A trevoada mata a gente
. . .
solo:
Eu já fui humano
E agora eu sô gente
Eu fui desumano
Mas, agora, eu sô gente
A trovoada eu já benzi
Cuidado com água quente
coro:
A trovoada eu já benzi
. . .
solo:
Eu num tenho nada com nada
Eu tenho é co Divino
Eu num tenho nada com nada
coro:
Eu tenho é co Divino
solo (variações):
Então, riba jongo na toada
No toco de jongueiro
A engoma ‘tá chorano
Pói, fale de mim o que quizé
. . .
solo:
Nós já passemo a meia-noite
‘Tá chegano a madrugada
Cascavel bateu o guizo
E eu num tiro a empreitada
coro:
Eu num tiro a empreitada
. . .
solo:
Eu vim aqui pa carpi tigüera
Quem aqui roçô o mato?
Eu vim aqui pa carpi tigüera
coro:
Quem aqui roçô o mato?
solo (variações):
Ai, o jongo ‘tá chorano
No toco de jongueiro
Pois, a noite é nossa memo
. . .
91
91
solo:
Oi, que o festero num trata
Nói ‘tamo ficano fraco
Nói fizemo a derrubada
Mai foi no tempo barato
coro:
Mai foi no tempo barato
o le le le...
solo (variações):
Nói rocemo tudo o mato
Mai, foi no tempo barato
. . .
solo:
A mula manca
Vem aqui mancá porque (bis)
Hoje é festa do Divino
Crareia o dia que eu quero vê
coro:
O le la le...
. . .
solo:
Oi, tudo que canta jongo
A namorada é Dona Aurora
Tudo que canta jongo
coro:
A namorada é Dona Aurora
solo (variações):
Oi, tudo quanto é jongueiro
Oi, na linha de jongueiro
. . .
solo:
O galo canta de madrugada
É pra matá saudade
O galo canta de madrugada
coro:
É pra matá saudade
solo (variações):
Oi, riba jongo na toada
Viva o Divino Esprito Santo
. . .
solo:
O sangafura mora no gangue porque
Oi, quissangafura mora no gangue porque
Mai, depoi que ‘manhecê o dia
Eu dô bom dia pra suncê
coro:
Dô bom dia pra suncê
solo (variações):
Pois a ingoma ‘tá chorano
Pois e falo na calunga
Mai eu falo ca calunga
. . .
solo:
Carreiro bão é o carreiro da fazenda
Deixô o carro na estrada
Foi bebê pinga na venda
coro:
O le le le...
. . .
92
92
solo:
Oi, na linha de jongo
Qué uma peninha do Divino
Vem ‘qui na linha de jongo
coro:
Uma peninha do Divino
. . .
solo:
Veja co Gordo, de gordo
Agora virô magro
Veja aqui o Gordo, de gordo
coro:
E agora virô magro
solo (variações):
Pois a ingoma ‘tá chorano
Dizem, o nosso barbeiro
. . .
solo:
Eu num quero santo grande
Dentro do meu oratório
Quero santo pequenininho
Que faça meu peditório
coro:
O le le le...
. . .
Solo:
Jongueiro bom
Que, hoje, vem aqui (bis)
Aqui, tanto nói dá mio pá rolinha
E tamém dá mio pá Juriti
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu num ia vi
Mas na hora resorvi
Visitá o Espirito Santo
Na cidade de São Luí
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Oi, que meu galo é de Mina
Minha galinha de Ingraterra
Faz três ano que ela choca
Ai, tirô pinto que nem terra
coro:
O le le le...
. . .
solo:
O galo corócócó
A galinha querequiqui
Galo corócócó
coro:
Galinha quiriquiqui
. . .
solo:
Meu galo tãmbém tem espora
Mai num é domadô
Meu galo tamém tem espora
coro:
Meu tamém tem espora
solo (variações):
Oi, na linha de jongueiro
Ô, riba jongo
O Divino ‘tá chorano
Oi, eu conversô co Gordo
93
93
. . .
solo:
Eu tenhô um galo bonito
Não tem crista nem espora
Mai, ‘tá pronto pa desatá
Jongueiro que vem de fora
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Nói canta jongo, aqui
E depoi na Catuçaba
Nói canta jongo, aqui
coro:
Oi, depoi na Catuçaba
solo (variações):
Oi, o reino é du Divino
O jongo ‘tá caminhano
Nói canta o samba no ror de jongueiro
A ingoma ‘tá chorano
Jongo caminha na linha
. . .
solo:
Oi, que eu vô m’embora
Que que dá pra mim levá
Vô levá saudades suas
No caminho eu vô chorá
coro:
No caminho eu vô chorá
O le le le...
. . .
solo:
Quem quizé usá emborná
Vai na loja e compre pano
Vô vizá o pai do jongo
Que o peixe ‘tá beliscano
coro:
O le le le....
. . .
solo:
Quando eu saí de casa
O meu pai me encomendô
Meu filho, você num apanha
Que seu pai nunca apanhô
coro:
O le le le...
. . .
94
94
Solo:
Oi... oi tudo quanto é caçadô
tudo quanto é pescadô
Eu num quero peixe
eu não quero caça
eu num quero nada
Oi, eu tamém num quero perdê nada tamém
Quero que seja ‘proveitado tudo que é...
for meu e tudo quanto for de jongueiro
que canta aqui mai,
ingoma mai grande,
mai pequena,
mai... mai sem sabê.
sem sabê larêlaré.
Eu também quero que fique tudo anssim.
Oi galo, ‘cê num sabe d’uma coisa
solo:
Oi, no quê de pescaria
Deixa linha pra mim
Vê que no quê de pescaria
coro:
Deixa linha pra mim
solo (variações):
Que cantô
Oi, perdeu anzó
Toco de jongueiro
Meu Deus do céu
Ai, na linha de jongueiro
Na linha de jongo
O Vardi perdeu o anzó
Pode perdê o anzó
. . .
solo:
Joguei mio no terreiro
A rolinha não chegô
Pra mode do gavião
Foi que ela negô
. . .
solo:
Eu vim de longe
Eu dô louvado pa vós suncê
Eu vivo como rolinha
Pricurando o chão barrê
coro:
O le la le...
. . .
solo:
Tem tanta água no mundo
Eu num quero águá nenhuma
Eu quero água da cachuera
Eu não quero água nenhuma
coro:
Quero água da cachuera
solo (variações):
Ô, riba jongo
Oi, ingoma ‘tá chorano
Na linha de jongo
Chorando no toco de jongueiro
. . .
solo:
Água veio da cachuera
Nesse terreiro num...
Mai num deu pa pagá poeira
Água veio da cachuera
Quero água na... o
Ooi, água na cachuera
Não chegô no terrero pa i pa no... pa.. é pa.. .é... ela num
Chegô no terreiro
Pa ‘pagá poeira... ela da cachuera... eu quero água da
cachuera
Nesse terreiro não... ‘inda água pagô a poeira...
. . .
95
95
solo:
Quando eu morrê
Num tenho nada pa levá
Eu tô morano aqui
[meu] embigo ondé que ‘tá
coro:
Lai lai lai la....
. . .
solo:
Quando eu morrê
Me enterre eu num formigueiro
Deixe eu ca mão pa fora
Pa mim pa repicá meu candongueiro
coro:
Le le le le....
. . .
solo:
Me faça tudo
Mai num põe eu no chiqueiro
Mai que se eu morrê e vortá
Mas ieu num sô primeiro
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Oi, meus amigo, quando eu morrê
Me respeita ao meno os ósso
Ói, viva a televisão
Que ‘tá gravano o que é nóssu
coro:
‘Tá gravano o que é nosso
solo (variações):
Em São Luiz do Paraitinga
Oi, o povo de São Luiz
Desejá felicidade
Esse é televisão
Oi, viva a televisão
. . .
solo:
Oi, sarve meu tambu grande
Oi, sarve meu nosso candongueiro
Sarve a inguaia do Zé Gordo
Que trabaia no terreiro
coro:
Que trabaia no terreiro
solo (variações):
E ela já ‘tá trabaiano
Viva a ingoma na toada
. . .
solo:
Eu já falei com vós suncês
E já falei com festeiro
E o torremo ‘tá queimano
E eu ‘tô só sentino o cheiro
coro:
E nós ‘tá sentino o cheiro
O le le le...
. . .
96
96
solo:
Tudo que chega no jongo
Só tem que lambê pé
E a tudo chegá no jongo
coro:
Só tem que lambê pé.
solo (variações):
No toco de jongo
Tudo quanto chega no jongo
E eu converso co Gordo
E a tudo quant’é jongueiro
Oi, ninguém come torresmo
. . .
solo:
É de madrugada
O galu cantô
O tatu cavoca chão (a terra)
Mai, nós a terra num esparramô
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu vô me embora
Po lado que a lua vai
Se a lua vai e vorta
Eu, se eu fô, num vorto mai
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu vô pará
Porque eu já falei demai
O tatu eu já benzi
Ele não cavoca mais
coro:
O le le le..
. . .
solo:
Eu achei um mé aqui
Eu num conto pa ninguém
Vê que eu achei um mé aqui
coro:
Eu num conto pa ninguém
. . .
solo:
Vê que eu num vô caçá tatu
Eu tenho medo do gambá
Eu num vô caçá tatu
coro:
Eu tenho medo do gambá
solo (variações):
Oi, meu Deus do céu
Salve o Espirito Santo
Viva a festa do Divino
Ripa jongo na toada
Ripa jongo eu quero vê
Hoje eu num quero nada
. . .
solo:
Eu vi um cheiro aqui
Eu penso que é do gambá
Pois, eu vi um cheiro aqui
coro:
Eu penso que é do gambá.
solo (variações):
Pois a ingoma ‘tá chorano
. . .
97
97
solo:
Oi, que aqui eu ‘tô ‘sombrado
Aqui eu num vô ficá
Oi, que lagarto num escuta
Mas é louco pa enxergá
coro:
O lagarto num escuta
solo (variações):
O lagarto é surdo
. . .
solo:
Oi, quando falá no lagarto
Cuidado cos cachorro
Quando falá no lagarto
coro:
Cuidado co cachorro
solo (variações):
Deixa a ingoma trabaiá
. . .
Solo:
Ooooi, cê num sabe d’uma coisa [andá] na tua linha
Cê num conheci sua linha porque ocê chegô agora
Ooi, cê num sabe d’uma coisa
Lá em casa tem uma vaca que se chama lembrança
Eu num vendo e num dô, e num faço negócio nenhum.
solo:
Eu num vendo e num dô
Que é pa dá leite pas criança
Eu num i num dô
coro:
Pa dá leite pas criança
solo (variações):
Deixa ingoma trabaiá
. . .
solo:
Coisa bonita
Que eu tô veno aqui agora (bis)
Eu quero ‘judà no jongo
Com Deu Nossa Senhora
coro:
É com Deus Nossa Senhora
. . .
Solo:
Oooo, galo cantô
É de madrugada
Vós suncê me dá licença que eu já vô me embora
O galo cantô...
solo:
Já é de madrugada
Vossuncê me dá licença
Mai e que eu já vô me embora
coro:
Eu já vô me embora
. . .
solo:
Vê que trupicão me quebra a unha
Topada me joga longe
Trupicão me quebra a unha
coro:
Topada me leva longe
. . .
98
98
solo:
Eu quero pegá um peixe
Mas eu perdi a linha
Eu quero pegá um peixe
coro:
Eu já perdi a linha
solo (variações):
Eu ‘tô com raiva de pescaria
Epa jongo na toada
No reino do Divinu
. . .
solo:
Pa pescá o lambari
Eu já truxe o meu anzol
Pa pescá o lambari
Eu vim beirano o rio
coro:
Pa pescá o lambari
. . .
solo:
Hoje é festa do Divino
Ou seja lá que Deus quisé
Quem quisé pegá lambari
Pega a Arca de Noé
coro:
Pega a Arca de Noé
solo (variações):
Chora angoma na toada
Ripa jongo direitinho
. . .
solo:
E aqui eu vô mudá
Pra vocês que eu vô cantá
Na estra... no céu tem cinco estrela
Vem aqui eu vô falá
Nós vamos todo embora
O Divino vai abençoá
. . .
solo:
Oi, que o jongo é do Divino
Veja onde que nói ‘tá
O jongo é do Divino
Nói devemo respeitá
coro:
Nós precisa respeitá
solo (variações):
Deixa a ingoma trabaiá
E falo co pai da ingoma
. . .
solo:
Quando chega em São Luiz
Quarqué santo vai beijá
Quando chega em São Luiz
coro:
Quarqué santo eu vô beijá
. . .
99
99
solo:
Eu num quero sabê de nada
Eu quero beijá o Divino
Eu num querô sabê de nada
coro:
Eu quero beijá o Divino
solo (variações):
Esse negócio de beija beija
Na linha de jongueiro
Em São Luí do Paraitinga
De todo mundo na Catuçaba
. . .
solo:
Eu quero beijá o Divino
Eu quero co jongueiro não me deixa eu sozinho
Eu quero beijá o Divino
coro:
Jongueiro num me deixá sozinho
. . .
solo:
Vocês pode comê carne
Num deixa os osso para mim
Vocês pode comê carne
coro:
Num deixa os osso para mim
. . .
solo:
Oi, cô cô cô, meu cachorrinho
No galinheiro tem gambá
Cô cô cô, meu cachorrinho
coro:
No galinhiero tem gambá
. . .
solo:
Oi, que passô da meia-noite
O dia crareia já
Eu num ‘tô veno o santo na igreja
Eu ‘tô veno só o artá
coro:
Eu tô veno só o artá
. . .
solo:
Num tem santo nenhum
Padre levô pa beijá
coro:
Num tem santo nenhum
. . .
solo:
Subi na torre
Pra mim vê o sino tocá
Subi na torre...
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Eu num expriquei
Mai, agora eu vô expricá
Nói samo dois irmão
Não podemo demandá
coro:
O le le le...
. . .
100
100
Solo:
Oi, viva o Divino Esprito Santo outra vez na ingoma
Viva o festeiro e festeira que ‘tá aqui, tombém
Viva tudo nossos amigo que ‘tá aqui presente
Viva a moçaiada tombém
Viva a dona que ‘tá aí correno o toco do gambá também!
Coro:
Viva
solo:
Então, viva o Divino Esprito Santo
Que é nosso patrão
O Divino Esprito Santo
coro:
Ele é nosso patrão
. . .
solo:
O galo cantô
Já ‘tamo no crareá do dia
Pois eu já vô me embora
O Divino que me guia
coro:
O le le le...
. . .
solo:
Então, Viva o Espirito Santo
Viva Nossa Senhora
São Benedito me proteja
Que agora já vô me embora
coro:

O le le le...

_________

Calango (confronto)
Tatu tá véio 

- Mestre Lico: Tatu  véio
Mai sabe negá o carreiro
- Zé de Toninho: Olha lá senhor jongueiro
Pra mim ocê é um home fraco
Esse tatu tá véio
Mai é acostumado no buraco.
- João Rumo: Eh, meu Deus do céu
Esse tatu pode tá véio
Mai não cai nessa gaiola.
- Zé de Toninho: Meu senhor jongueiro
Escute o que eu to falano
Esse tatu é véio
Mai ele véve cavucano
Aia , aê,iê, ia
Esse tatu  veio
Mai ele véve cavucano.

Um comentário:

  1. olá... vcs tem mais informações? estou em busca da história de minha família!

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